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sábado, 29 de novembro de 2008

SEMANA PEÇONHENTA


TRATADO DE BIOLOGIA MATO GROSSENSE
Semana Peçonhenta
Andava descalço procurando o meu chinelo logo antes de tomar banho. De repente piso em algo que espeta o fundo do meu pé. Pulo de lado e olho o que seria. Olho aquela lagarta marrom com pelos parecendo pinheirinhos verdes e os índios que estavam vendo televisão no posto falam:
- Essa lagarta é perigosa, é a Sassurana! Vai passar um álcool aí.
O acidente que tinha me provocado pequena dor local me deixou curioso, mas como estava indo tomar banho sigo para o banheiro. Abro a porta do banheiro, fecho a porta, e olho no vão entre a porta e a parede uma cobra olhando para mim, já em posição de ataque. Como aqui isto não é muito difícil de acontecer, saio tranqüilo do banheiro, e digo:
- Aí já é brincadeira, antes uma lagarta agora uma cobra no banheiro!
A princípio o pessoal não acredita, então digo para irem no banheiro checar. Um dos índios ao entrar, exclama:
- É mesmo! Traz um pau aí.
O acontecimento com a cobra me deixou mais curioso ainda então fui procurar o nome real dos nossos “amiguinhos” visitantes.
Abro a internet e digito, Sassurana. Procuro uma foto da lagarta que eu pisei e para minha surpresa aparece a foto acompanhada dos seguintes dizeres:
- LONOMIA OBLIQUA, Após a introdução das cerdas, o veneno é injetado. A dor é imediata e violenta com sensação de queimação, podendo irradiar-se para outras partes do corpo. O local fica vermelho e inchado podendo ocorrer ínguas.
Acidentes com lonomias apresentam, além dos sintomas citados, hemorragias em qualquer parte do corpo. São comuns o sangramento pelas gengivas, hematomas e urina escura. Este último sintoma caracteriza problemas renais. Hemorragias intracranianas também foram observadas resultando em óbito.
Penso: - Óbito, sangramento! Uma lagartinha daquela.
Lembro do escorpião que achei a uns três dias na pia da cozinha e digito “escorpião”. Procuro a foto do tal escorpião e me aparece:
-: O escorpião Tityus serrulatus (Lutz & Mello, 1922) é conhecido como a
espécie mais importante, do ponto de vista médico, pois é o que causa os acidentes
mais graves registrados para no território brasileiro. O mais venenoso da América do sul.
Aí já é sacanagem!
Apesar de estar escrito que ele não ocorre na região do Mt, a foto não me deixa dúvidas. É o Tityus! A foto e o texto me dão certeza já que fala também que ele é um dos únicos com as características de partenogênese, ou seja, autoreprodução. Não precisa de uma fêmea. Pode ser levado de uma região para a outra e lá se autoreproduzir. Pena que no momento eu apenas o esmaguei e não o recolhi para depois ser analisado.
A nossa amiga do banheiro era a Jararaca, uma grande conhecida dos brasileiros do interior. Responsável por 85% dos acidentes ofídicos no Brasil.
Pela foto me parece a Bothrops neuwiedi Bolivianus, uma jararaca que vive aqui na região oeste do MT e mais parte da Bolívia.
Esta semana também tive a visita, no posto de uma Tarântula, mais conhecida como aranha caranguejeira. Esta aí é a mais boazinha de todas, assusta mais pelo tamanho e aparência. A única coisa que provoca são dores no local da picada ou alguma irritação devido aos pelos urticantes que ela tem. Apesar de quase inofensiva, eu não gostaria de pegar uma destas dentro do meu sapato.
As conclusões que tirei da semana são:
- A internet é muito útil no mato
- Sempre recolha os animais para análise de especialistas.
- E a última, mas não menos importante, AQUI TEM MUITO BICHO!!!
FUI!!!!!!!!!!!!!

sábado, 22 de novembro de 2008

PASMACEIRA


PASMACEIRA
Acordo, dia de sábado;
dia de churrasco em Vila Picada
e olha que vai toda a indiarada.
Fico abandonado no posto
e tudo parece agosto o mês do desgosto.
Estou sem carro e sozinho
e tomo o café ao som dos passarinho (no Mato Grosso não existe plural)
O dia está fresco e vou pra academia.
Enxada na mão começo a carpição;
Carpo, Carpo, não quero ver mato.
Só quero ver árvores e fruta,
ali lá longe olho o pe de bocaiúva.
Não que seja uma uva,
mas pra quem está no mato é um manjar.
Tira-la-ei da maneira tradicional,
batendo no tronco com um pedaço de pau.
Enquanto bato,
as Japuíras que fazem ninho estão gritando,
até parecem que estão me xingando.
As úvas-bocaiúvas caem,
guardo no bolso e volto para o posto.
Barulho de ônibus,
passa lotado com a indiarada,
e eu sozinho aqui com a passarada.
Ai,ai, ai que pasmaceira!
Até dá tempo pra escrever besteira!!!!!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

MINHA PRIMEIRA NOITE!!


Minha primeira noite! Nunca tive uma noite como esta e antes que comecem a especular começarei a explicar.
Após alguns anos andando, ou melhor, boiando nos rios do pantanal passei inicialmente de turista para integrante da sociedade , ou seja, fui de passageiro a integrante do ambiente sócioetnopolíticogeográfico local. Que palavra comprida!
Vamos desmembra-la para um melhor entendimento.
Sócio - de sociedade – Agora sou praticamente parte da sociedade. Eles Falam : Olha o dentista do pantanal! Outros falam: Olha o dentista de ìndio! Alguns podem até pensar: Olha o dentista ìndio! Não, acho que não!
Etno – de etnia, raça: Agora faço parte deste ambiente de mistura de raças. Ìndio, branco, mameluco, mamelouco e o escambau que é a miscelânea de raças brasileira.
Político – de política, obviamente. Participo e até faço um pouco de política local, afinal todos nós fazemos política só que muitos acham que não estão fazendo, mas estão.
E geográfico - de geografia , outra obviedade! Entendo a geografia e faço parte da geografia! Se vc perguntar: - Aonde fica a escola que caiu? A resposta será: - Fica perto do consultório do dentista. Entendeu?! Geografia!
Deixando os sufixos, prefixos e multifixos de lado voltemos a minha primeira noite. Não, eu não estava querendo desviar a atenção não!
Como passei a fazer parte do sistema, sempre que corro pelos rios e corixos do pantanal fazemos paradas estratégicas para diversas finalidades. Exemplo: - Se vc está com fome e não tem como fazer comida por que está em um barco, vc planeja para parar na casa da Suely bem na hora do almoço; se vc acha que não vai conseguir chegar a tempo na aldeia antes de anoitecer, vc para no Mamed para conversar, que por coincidência é dono do Hotel/Pousada Arara Azul, e espera inocentemente o sol virar lua. E como sou parte do sistema também sou usado pelo mesmo. Diversos habitantes esperam o dentista de índio chegar para fazer uma consulta, obturação ou extração, mesmo não sendo índio. É isso aí, o sistema utilizando o sistema.
Em uma destas vezes em que atendia no povoado de São Benedito que fica justamente em frente ao Hotel/Pousada Arara Azul, na pressa de voltar para a aldeia de Perigara saímos de São Benedito, sem utilizar o sistema, ou seja, dormir no Hotel. Tínhamos certeza de que pegaríamos um trecho à noite no rio, no entanto não contávamos com o calendário lunar contra nós.
Fazer este trajeto pelo rio a noite é considerado perigoso só que até já estávamos acostumados a tal. Com o motor Yamaha 40 hp a viagem não seria tão demorada e o trecho a noite menor ainda. Seriam o total de mais ou menos 1 hora no rio.
Com o motor em neutro o piloto, cacique de perigara, puxa o cordame e o motor ronca, então engata a marcha e acelera para voarmos através dos rios e corixos pantaneiros.
Navegamos por um trecho estreito do rio São Lourenço em uma região que se chama Pirigara. Não confundam com a aldeia de Perigara. O Pirigara é uma região em que o rio São Lourenço se divide em diversos braços irrigando o pantanal, antes de morrer ao encontro do Cuiabá.
Anoitece e para o nosso azar é uma noite sem lua. Entendeu agora porque o calendário lunar estava contra nós? Não?! Nas noites de lua é possível navegar com uma certa segurança nos rios, mas em noite sem lua é Breu Total!!!! Tínhamos em mãos uma lanterna apenas a qual não era adequada para iluminar trechos extensos já que estaríamos navegando a uns 40 km/h e a resposta a qualquer adversidade teria que ser rápida devido ao campo de visão reduzido.
Ainda no trecho estreito do rio, sentados e tranqüilos, atingimos um tronco submerso e subitamente o barco inclina-se para um dos lados fazendo com que quase viremos. Depois do acidente, paramos mais à frente e o cacique anuncia:
Cacique – Quebrou o pino?
Eu - Que pino?
Cacique - O pino que segura a Hélice?
Eu - E agora?
Cacique – Tenho uma reserva.
Eu – Graças a Deus!

Estávamos no barco, eu, o cacique, a enfermeira, uma indígena e sua filha de 6 anos. Era o único homem que poderia ajudar, então lá fui eu segurar a lanterna enquanto o cacique batia o pino novo na rabeta, do motor. Sem duplo sentido, por favor!
Estávamos até com sorte, pois em época de cheia não teríamos nem lugar para parar já que o rio transborda e nesta ocasião conseguimos até uma bela prainha. Está certo que estávamos cercados por onça de um lado, jacarés e piranhas de outro, contudo terra firme ainda é bem melhor.
Concerto feito e partimos novamente rumo a escuridão. Eu não sei porque cargas d’água eu ainda não comprei uma lanterna ainda depois de 4 anos nas matas do Mato Grosso. Suspeito que deve ser porque quase sempre que preciso, alguém tem uma por perto. Apesar de não ter nenhuma lanterna eu ainda me dou o direito de reclamar, e vc sabe, lanterna de índio é foda! Desculpem o palavreado! Quando a pilha ainda não acabou, pode contar que está preste a acabar. E foi justamente o que aconteceu. Na escuridão completa ficamos! O cacique diminuiu a velocidade e continuamos a viagem utilizando ao máximo as pupilas indígenas super dilatadas que devem ser geneticamente iguais às dos felinos já que eu não enxergava nem a ponta do meu nariz, e olha que eu tenho um senhor nariz.
Ainda tranqüilo, seguimos lentamente até que ouço um estrondo, barulhos de galhos quebrando e sinto o barco inclinando-se com a proa para cima. O reflexo me fez abaixar e me proteger atrás de uma das caixas de madeira com material odontológico. Ao cairmos na realidade, percebemos que estávamos travados em cima da copa de uma árvore que havia caído no rio e agarrado no fundo do seu leito. Seus galhos estavam virados para a nossa direção simulando lanças e o que me protegeu foi a caixa de madeira. Então estávamos nós em cima de uma árvore em uma cena no mínimo bizarra. A voadeira a qual literalmente voou, encalhou nos galhos mais fortes da árvore e ficamos ali, presos como passarinhos no ninho. Como já tínhamos asas, resolvemos tentar sair dali desembarcando, e com os pés nos galhos robustos forçamos uma marcha ré. Eu de um lado e o cacíque de outro.
- Um, do, lá, si, já! Mexeu um pouco
- De novo! Já! Mais um pouquinho.
- Segura que agora vai, huuuuurrrraaaa!!! Foi.
Desencalhamos. E sendo levados pela correnteza contrária ao nosso destino o
motor funciona novamente e pernas, ou melhor, hélice pra que te quero..
Nem tão mais tranqüilo assim, caio na real de que aquela viagem estava sendo a maior roubada e fico imaginando que os troncos que vemos de dia, cheios de pássaros lindos, poderiam estar na nossa cara a qualquer momento.
A viagem segue tensa e o rio alarga-se. Finalmente chegamos ao trecho mais largo e seguro do rio.
Mais alguns minutos, e junto com o grito da bruxa que estava solta, vem o barulho do motor pifando. O motor para. O índio bate o cordame. E o motor na mesma. E o índio puxa o cordame. E o motor estático, nem sinal de vida. Nem um ultimo suspiro. Infarto ou AVC fulminante! Não sei se foi Deus ou o Diabo que pararam aquele motor. Desconfio que foi Deus, pois sinceramente prefiro dormir na mata a morrer com um pau cravado na cara! Sem duplo sentido, por favor!
Zingamos até a margem e paramos o barco. Meditamos ali por alguns minutos mesmo sabendo que o destino seria dormir ali. Por obra do acaso, tinha trazido a minha barraca e a enfermeira a dela. Subi no barranco e mesmo sem ver muita coisa procurei um terreno que seria adequado para a montagem da mesma. Tateando o solo para retirar possíveis gravetos e pedras que por ventura pudessem perfurar minha costela enquanto durmo, demarco o terreno. Monto a minha barraca e a enfermeira após dar a sorte de ser atacada por formigas fogo também consegue montar a dela. Enquanto isto o Cacique fica no barco afugentando com a Zinga ( pedaço de bambu comprido) jacarés curiosos. Neste caso é curiosidade de jacaré mesmo, pois creio que eles não estavam lá para nos comer.
No barco o cacique que lá estava por lá mesmo ficou. E olha que o convidei para dormir na minha barraca. A índia também resolveu dormir no barco, quem sabe era pra “conversar” um pouco mais com o cacique, e a filha da mesma dormiu com a enfermeira.
Depois de toda a tensão, dormir naquele chão de barraca com um casaco servindo de travesseiro, mesmo que em plena selva foi uma das melhores coisas que me aconteceram naquele dia, ou melhor, naquela noite.
Dormi como um anjo cansado. Acordei com os pássaros a minha volta. Zingamos rio acima por alguns minutos até encontrar o socorro vindo em nossa direção. O outro barco da aldeia veio nos buscar, nos rebocou e assim terminou a saga da minha primeira noite, na Mata!

domingo, 16 de novembro de 2008

THE HUNTING


A Caçada

Seis anos vivendo e peregrinando por algumas matas do Brasil. Apreciando a vida a minha volta; e digo apreciando não somente no sentido visual da palavra, mas também no sentido gustativo. Que me perdoem os naturalistas que nunca nem sequer pisaram no asfalto quente com pé descalço, que dirá em terra molhada, mas não tem nada melhor do que um porco do mato, um veado ou um jacaré do papo amarelo na panela!
Nunca matei nenhum deles, no entanto, comi de tabela em um jantar ou almoço oferecido por algum indígena.
Quem anda de salto alto na mata pode não entender o que vou dizer, mas relação com a natureza não se faz apenas admirando os animais na TV ou fazendo doações à World Wildlife Foudation. Defender a natureza se traduz em uma relação mais intrincada de harmonia aonde tanto se protege como se agride só que de maneira comedida, dando tempo a ela de se recuperar. E foi em uma destas relações de agressão a natureza que meu espírito de preservação e meu instinto de sobrevivência se confrontaram.
Fazia um mês que o filho do cacique havia desaparecido nas matas do pantanal Mato Grossense. A aldeia dividia-se em um grupo de busca e grupo de alimentação. O grupo de alimentação era formado por 3 ou 4 pessoas responsáveis pela caça e a pesca suficientes para alimentar a aldeia inteira enquanto os outros ficavam exclusivamente ocupados na procura do rapaz desaparecido.
Como a era do arco e flecha já passou, precisavam de munição para as espingardas vinte e dois para a caça. A calibre 22 [e uma espingarda leve, calibre fino e com um “coice” mínimo. Só mata rápido quando o tiro é certeiro no coração, do contrário ou o animal sobrevive ou morre de tanto sangrar caso o trajeto da bala tenha atingido alguma artéria ou veia vital.
A munição acabaria em breve e sem ela não teriam como caçar para a aldeia, então resolveram ir até um vilarejo chamado Pimenteira para compra-la. Apesar de toda lei contra o armamento é extremamente fácil comprar bala neste lugar. Mais de 5 pessoas a vendem tudo tendo como origem o contrabando através da fronteira com a Bolívia aonde a munição tem preço de banana.
Era um final de tarde e o sol ainda apontava no céu inclinando-se cada vez mais e abrandando a força de seus raios.
Fui convidado para ir com os indígenas “passear” até a Pimenteira. Aceitei de bom grado já que qualquer oportunidade de interação é sempre uma oportunidade de aprendizado. Aonde a princípio iriam 3 pessoas se transformaram em oito. Estávamos em uma caminhonete L200 da FUNAI; dois na frente, quatro atrás espremidos igual sardinha em lata e neste meio eu, e mais dois na carroceria.
Seguimos viagem chacoalhando, conversando e observando atentamente à tudo que se movia em meio a relva ou mais à frente na estrada. Muitos animais, não sei por qual motivo, ficam nas estradas ou próximas dela.
Subitamente vejo a imagem de um veado campeiro pelo vidro lateral do carro. O índio que dirigia, para o carro, vira-se para mim e fala: - Quer levar para casa?
Hesitei por um momento já que nunca fui de matar animais. Após os segundos de hesitação, peguei a vinte e dois e saí do carro. Aquela seria a última vez que mataria algum animal e é bom lembrar que mataria para comer.
Quem acha que comendo carne de boi está protegendo os animais silvestres não sabe o quanto de mata nativa desmata-se para manter a pecuária extensiva praticada no Brasil. O espírito do caçador ancestral toma conta do meu ser. A espingarda engatilhada em punho, com passos breves e leves sigo em direção ao animal que se encontrava pastando os ralos brotos de uma vegetação rasteira assolada por uma queimada anterior.
Na minha mente, traço o trajeto que me fará chegar o tão próximo quanto possível do animal sem que o mesmo me veja. Não estou nervoso! Sigo com os passos leves agora me agachando atrás das árvores. De árvore em árvore vou chegando cada vez mais perto. A minha frente está uma palmeira de acuri de tronco grosso e curto o qual me serviria de perfeita camuflagem. Agora quase me arrastando no chão para trás do tronco referido me posiciono. Olho para o animal. O mesmo encontra-se pastando, tranqüilo, sem ao menos imaginar que está preste a desfalecer.
Como em uma batalha de guerra empunho a arma, faço mira logo atrás da pata dianteira, bem no “sovaco” como diriam os indígenas chiquitanos. Ali naquela região já até consigo imaginar o coração batendo e logo após explodindo causando uma hemorragia fulminante e fatal. O olho traça o caminho desde a alça de mira, passando pela massa de mira até o alvo. O dedo no gatilho já preste a disparar dispara! Pá!... A bala sai do cano em meio a uma explosão de pólvora provocando um barulho muito forte. O animal salta! Continuo olhando para o animal esperando ele cair. O mesmo continua de pé e penso que deve ser um dos bem forte. Trocamos olhares e o bicho continua pastando, tranqüilo, como se nada tivesse acontecido. Procuro a segunda munição e cadê? Não a trouxe. Olho novamente e ele já não se encontra mais lá. Pensei: - Como pude errar um animal tão grande?
Já no carro percebi a razão pela qual eles haviam me dado a arma para atirar. Na cultura Bororo, o veado é um animal quase que sagrado e nenhum bororo se atreve a mata-lo e poucos se atrevem a come-lo. Só os “homens branco” iguais a mim podem faze-lo. Então, o insight do porque o animal não havia morrido me veio. É óbvio ululante que espíritos sagrados desviaram o tiro para longe da carne macia do animal. E como intervenção divina a gente não discute, a única coisa a dizer é:
- AMÉM!!!!!!!!!!!!