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sábado, 7 de março de 2009

ECOLOGIA TEM LIMITES

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PINTADA


PINTADA

Aos olhos do mundo o pantanal é sinônimo de rios fartos, florestas inundadas e animais selvagens, muitos animais selvagens; e foram com estes olhos que adentrei este mundo.
Ao escrever este texto viajo nas minhas memórias e os leitores pegam carona nas mesmas para construírem suas próprias viagens. Não que eu tenha muitos leitores. Calculo que sejam mais ou menos três pelos comentários que recebo em meu blog. Nem a minha esposa o lê. Igualmente a esposa do meu amigo blogueiro Gilberto "Grana no ato". Olhando pelo lado otimista, talvez seja porque minha esposa receba um resumo oral de todos os textos antes de serem publicados.
E por falar em Gilberto, ele é um dos meus leitores e eu dele, um troca-troca, literário, que fique bem claro! Então ele é o meu leitor número um. O meu segundo leitor, ou melhor leitora, é uma amiga que não vejo há anos e que escreveu em um dos comentários que adora meus textos, e isto, percebam, está no plural. Textos! Se escreveu no plural é por que leu mais de um. Já virou minha leitora. O terceiro é um amigo amazônico, guitarrista, dentista e maluco profissional, cujo escreveu que sempre que pode acompanha os meus textos. Já é uma vitória. Os outros são amigos que não fazem comentários e outros que fizeram somente um comentário sem citar que leram outros textos então apesar de terem lido ao menos um dos textos, irei considerar os que tenho certeza que leram mais de um. (Será que a minha mãe leu mais de um?). rsrsrs.
Acredito que a minha esposa esteja entre os que não lêem e uma prova disto será quando ela nem comentar estas linhas ( depois eu digo se ela comentou ou não.).
Bem, mas não é sobre comentários que escreverei e sim sobre viagens.
Voltando.
O pantanal é um ambiente cheio de vida, como já foi dito, e ao se aproximar percebe-se que também é cheio de estórias. Estórias do peixe maior do que a canoa, da sucuri a espreita no barranco ou do dia em que ciclano cutucou a onça com vara curta.
Em uma das minhas primeiras noites de pantanal estávamos sentados, ao entardecer, eu e os poucos habitantes de um local chamado aterradinho. Conversávamos, na beira do rio Cuiabá, à sombra de uma frondosa mangueira e uma leve brisa amenizava o calor do centro oeste brasileiro. A conversa fluía naturalmente e devagar os contos e causos brotavam. Um destes causos foi que na noite anterior, um casal de onça havia brigado justamente bem em frente do posto de saúde. Ouvi este caso com atenção como todos os outros.
O tempo passou e a noite caiu. Entrei no alojamento para dormir.
Mais tarde, naquela noite, acordo com uma vontade louca de ir no banheiro fazer o n° 1. Levanto, sem lanterna, saio tateando as paredes – não se esqueça de que aqui o interruptor não funciona – e como não conhecia bem o lugar ainda e tinha receio de errar e “mijar fora do pinico”, resolvi fazer lá fora para que o risco de errar fosse minimizado.
Lá fora, uma noite de lua iluminava o rio. Uma imagem impressionista linda de Monet, meio mancha meio cor, quase poética, estendia-se á minha á minha frente . Inebriado pela beleza e entorpecido pelo sono, me aliviava tranquilamente. Ahahahah! Nada passava pela minha cabeça além da beleza daquele lugar, até que um urro estarrecedor ecoa bem próximo ao meu mictório orgânico ecológico. Imediatamente me lembro das onças e do fato de terem comentado que elas estavam em época de cio. Quem já viu e ouviu gatos brigando na época de cio sabe bem do que estou falando. Agora, imagina gatos anabolizados de mais de cem quilos; uma insanidade!
Tão rápido quanto veio o primeiro surge o segundo urro, ainda mais forte; e tão rápido quanto veio, a minha vontade de urinar se foi. Cortei o vazamento, botei o “Eduardo Júnior” na casa e “voei” para dentro do posto.
Com o coração acelerado, parei em frente a tela fiquei a observar. Nada! Nenhuma onça. Perdi um tempo ali e desisti de ver minha amiga pintada.
Já protegido, dormi bem. Não senti mais vontade de ...
No dia seguinte, descobri que ser “calouro” de pantanal também tem os seus trotes. Ao descrever e sonoplastizar o urro para os moradores locais, descobri que a onomatopéia da noite anterior era na verdade proveniente de Jacarés. E eu que nem sabia que jacaré urrava.
A minha vingança viria mais tarde; Jacaré empanado. Uma delícia!
(Aos funcionáiros do Ibama e ativistas ecológicos, declaro que quem matou o jacaré foi um índio, e índio pode, não é?)