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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Noite em trevas!


Como deve ser difícil viver em trevas.
Já fazem 15 minutos que estou sem luz e me encontro tateando a prateleira da cozinha procurando um fósforo para acender uma vela. Penso:
- Acho que vi o fósforo atrás dos potes de arroz e feijão.
Levanto o pote, tateio mais um pouco e Ops! Um susto. Foi só um galho seco de uma erva chamada marcella que deixaram aqui atrás do feijão.
Aqui, não é difícil encontrar aranhas, lacraias e afins passeando por entre os utensílios e mantimentos da cozinha.
Tateio em cima da geladeira, dentro da galinha de barro, em cima da caixa de ovos e nada. Lembro então que o fósforo tem uma relação íntima com o fogão e resolvo procura-lo ao redor do mesmo. Ainda bem que o mapa da cozinha está estampado na minha memória e consigo me localizar bem no escuro. Só quem já ficou sem lanterna em uma noite sem lua sabe que é a mesma coisa que estar em um mato sem cachorro. Você não vê um palmo a sua frente!
Apalpei a beirada da janela e lá estava o bendito. Dei Graças! Com o fósforo fica mais fácil achar a vela.
Bem em meio a um momento retrô, lembro então de uma peça tecnológica muito comum hoje em dia, o celular. Sua utilização mais comum aqui no mato é como lanterna. Como não ouço música e o celular não dá sinal aqui, suas funções ficam limitadas. Pensando bem, meu celular não pega nem dentro de um elevador na cidade. A minha operadora é Tim e por aqui dizem que é Tim enganei.
Com a ajuda do celular o qual sabia exatamente aonde estava, achei a vela.
Tudo começou com um ato que na cidade é bem simples. É só um Clic e pronto! Faça-se a luz! Aqui a maratona começa na origem. Um tipo de energia muito utilizada nos países de 1° mundo sem recursos hídricos abundantes; a termoelétrica.
O combustível é o diesel e fica acondicionado em galões plásticos de 50, 100 ou 200 litros trazidos da cidade. A dificuldade começa logo de cara. Para abrir o galão de 100 litros, você precisa de um alicate ou chave especial a qual não temos, pois a tampa tem rosca interna e não externa. Às vezes penso:
- Quem foi o idiota que inventou isto?! Mas logo imagino que deve ter alguma vantagem oculta, dever ter!
O próximo passo é aspirar o diesel através de uma mangueira até um regador. Muitas vezes, ao aspirar na mangueira, você efetivamente respira o combustível o qual tem um gosto péssimo. Ainda bem que não é gasolina que tem um vapor residual que queima os pulmões.
Do regador o diesel passa para o tanque do gerador de energia, posiciono o acelerador na posição liga, giro a manivela a toda velocidade e a máquina começa a funcionar. Vou até o disjuntor que libera a energia gerada até o posto de saúde, e o ligo.
O último passo, mas não menos importante, é o que fazemos na cidade. Aciono o interruptor e pronto, luz para todos! Mas como nem tudo é perfeito, minutos depois o gerador começa a ratear e para de funcionar. Neste momento estava sozinho no posto de saúde sendo que o restante da equipe havia saído.
Volto para a casa do gerador e com todo o meu conhecimento "avançado" em mecânica de motores verifico possíveis problemas:
- Entrada de ar? Retiro a mangueira de combustível na entrada do filtro, deixo o diesel vazar até o ar sair. Não, não é entrada de ar!
Filtro de óleo sujo? Retiro o filtro, lavo com diesel ou gasolina limpa, coloco-o novamente em seu lugar e... não, não é filtro sujo!
Falta de óleo lubrificante de motor? Retiro a vareta, limpo a ponta, introduzo-a novamente, retiro-a novamente, checo o nível e pronto, também não é isto!
Falta de água para refrigeração do motor? Escalo os 1,70m de altura em um tronco de aroeira liso, checo o nível de água no tambor. Nível pela metade. Também não é isto.
Bem, acabou! Acabou o meu conhecimento em mecânica! O jeito é viver em trevas com a ajuda de uma vela e como compania, meu caderno espiral de capa flexível e minha caneta esferográfica feita de derivados do petróleo e uma bolinha de metal. Pelo menos estes não precisam de energia elétrica para funcionarem.

domingo, 21 de setembro de 2008

Dificuldades


Não sou o tipo de sujeito que reclama das coisas, mas mesmo assim existem momentos que me pego murmurando devido algumas pequenas dificuldades que no momento julgo grande. Creio que a maioria de nós é assim, só que algumas pessoas não percebem o quanto são ranzinzas não olhando em volta a dificuldade de outros.
Um dia destes estava ouvindo um relato de um funcionário da funasa antigo sobre o tempo que era servidor da SUCAM. Na época um rapaz recém empregado do órgão federal e louco para desempenhar suas funções. Não que hoje não tenha vontade de desempenhá-las, mas na época, tinha o vigor da juventude. Foi contratado para borrifar domicílios contra barbeiros e outros insetos, colher lâminas levando-as para exame e verificação de infecção por malária entre outros afazeres. O trabalho era dividido em regiões e era feito na zona rural. Ficou responsável pela zona rural no entorno de São Félix do Araguaia, e se hoje o asfalto ainda não chega até lá imagina na década de 70 que, se não me engano, foi a época que se passou o ocorrido. Apesar de ser responsável por uma área geograficamente imensa, não lhe deram nenhum veículo, tinha que ir sozinho e para melhorar tudo só tinha uma pequena folha que indicava o nome dos lugares os quais tinha que visitar sem indicar direção ou distância entre estes pontos. Era um típico trabalho de explorador que ia de localidade em localidade, a pé, perguntando o caminho, dormindo aonde quer que estivesse, e comendo de favor na casa das almas mais bondosas.
Contou-me que em uma de suas visitas a distância de uma localidade a outra era muito grande, mas como não tinha marcação do tanto que teria que andar na sua folha, seguiu, seguiu e não conseguiu chegar aonde queria. Dormiu ao relento em sua rede! De noite o clima era bem ameno, mas de dia o calor do cerrado era causticante. Andava e parecia que a estrada não tinha fim. Não havia comido na noite anterior e nem hoje ainda e na estrada, nenhuma alma viva para te dar alguma indicação. A sede era maior do que a fome. Quando a sede estava começando a supera-lo parou a pouca sombra de uma das árvores de tronco retorcido do cerrado e descansou pensando que seus dias estariam no fim. É, nestas horas a gente sempre deve pensar se está para morrer ou se aquilo que se passa é apenas um teste a mais na sua vida.
A sombra, apesar de rala, impedia o sol de fritar o seu cérebro e pirar de vez. Foi quando, de repente, passou um Tatu correndo bem perto dele. Juntando suas últimas forças e empunhando a sua faca correu como quem corre pela vida. Correu mais que o Tatu cravou-lhe a faca nas costas e caiu quase desfalecido. Olhou a sua frente e viu o tal do tatu seguindo viagem com a faca nas costas e o sangue escorrendo. Ah, o sangue! Naquela hora era um líquido precioso que poderia aplacar-lhe a sede. Juntou novamente as forças que lhe restavam no tacho e partir para mais uma tentativa desesperada. Quase sem mais esperança, achou que já o havia perdido e também a faca. Tal qual foi a sua surpresa quando avistou o indivíduo animal com a sua cabeça enterrada em um buraco (seu ou de seus parentes) com o traseiro de fora e a faca nas costas. O pobre coitado do animal não conseguiu entrar no buraco completamente, pois a faca o impedia e seu sangue já estava quase exaurido.
Coitado do animal e feliz do homem, que bebeu o restante de seu sangue, comeu a sua carne e conseguiu seguir viagem até finalmente chegar em seu destino.
Em outra ocasião, já de bicicleta comprada com recursos próprios e um revólver também comprado com recursos próprios, à dita cuja furou o pneu. Como já andava preparado, remendou-o com o seu kit de emergência para pneus. O calor era tamanho que o remendo não parava e por muitas vezes teve que remendar novamente. Como não era de ferro e não tinha espírito de porco, sua paciência esgotou-se e como se pudesse findar a vida da sua ex-amiga magrela, atirou na infeliz! Seguiu no trecho puto da vida e a largou-a ao relento.
Mas nem só de infelicidades vive o homem! O seu uniforme era muito respeitado nos locais por onde andava. Para muitos, ele era a única esperança.
Uma certa vez passou em uma casa aonde uma mulher ardia com a febre da "maleita". Tremia em sua rede enquanto seus vários filhos e filhas apenas observavam a cena. Seu marido havia saído para o campo e só iria voltar dias depois. Como já estava acostumado com tal situação, já imaginou ser febre causada por malária e medicou-a prontamente.
Passado um tempo o medicamento parecia não estar fazendo efeito, e a mulher começou a tremer ainda mais, preocupando-o. As crianças, assustadas começaram a chorar. De repente, a tremedeira cessou. Passou-se um tempo e a mulher já estava de pé fazendo um café e alguma coisa para ele e as crianças comerem.
Em outra oportunidade na mesma casa encontrou o marido da dita cuja no lar. Foi então que a moça chamou a atenção do marido e falou: - Se tem alguém a quem eu devo a vida e a de meus filhos é a Deus e a este moço aí! Vai pescar uns peixes e caçar alguma coisa para dar de comer para o moço. O marido prontamente atendeu, saiu, e voltou horas depois com algumas traíras e uma caça.
Mais tarde dormindo em sua rede, na casa do casal, pensou em como aquelas palavras tocaram seu coração e que eram momentos como aqueles que vaziam valer todas as dificuldades que havia passado............

sábado, 20 de setembro de 2008

Relógio Biológico


Pouco se fala neste tal de relógio biológico e quando se fala as opiniões são diversas. Uns falam que existe, outros falam que se existe o deles está quebrado e outros só querem saber de dormir. Eu sou um dos que acredita no relógio biológico e ultimamente acho que ele tem até GPS e mais um aditivo de localização que indica se é zona rural ou zona urbana.
Agora são 22:30 em Cuiabá , centro oeste brasileiro, zona urbana. Há um dia atrás, neste mesmo horário, estava dormindo profundamente em meu quarto telado contra os mosquitos, na aldeia indígena de Perigara(etnia Bororo), também no centro oeste brasileiro, ou melhor no extremo oeste Brasileiro, mas na zona rural.
Aqui me encontro, por falta de sono, escrevendo em meu caderninho espiral de capa flexível ( aquele que nossos avós usavam) com uma canete esferográfica, também outra peça prestes a pedir aposentadoria.
Uso este caderninho para anotar memórias, pensamentos e filosofar sobre cadernos, canetas e relógios biológicos. Você deve estar pensando: - Mas ele ainda não tem um notebook?!
Não, eu ainda não comprei um laptop( outro nome da peça tecnológica)! Não por falta de caixa, mas mais por pensar que na conjuntura atual, não irei utiliza-lo plenamente e que daqui a alguns meses surgirá um computador portátil ( outro nome) 100 vezes mais potente, 1000 vezes mais rápido e por um terço do valor; ou talvez porque eu seja apenas pão duro mesmo. De qualquer maneira, sovina ou não, mesmo não possuindo o aparato tecnológico já me passa uma certa estranheza estar escrevendo em uma folha feita de uma árvore, com uma caneta feita com derivados do petróleo e metal e utilizando os movimentos da minha mão coordenados por estímulos elétricos cerebrais; resultando nesta ridícula letra minha e suas inúmeras rasuras que só podem ser apagadas com liquid paper, errorex, corretivo, ou seja, lá como vocês chamam este líquido branco utilizado para encobrir seus erros. Liquid Paper! Pelo amor de Deus! Já vejo estas páginas como peças de museu e ainda assim não comprei meu laptop.
Quando estou na zona rural, meu relógio biológico segue o dos passarinhos. Durmo as 8:30 e acordo as 5:45. Quando estou na zona urbana, como num passe de mágica; Tum! Durmo mais tarde e acordo mais tarde também. Quando volto para Vitória, sudoeste brasileiro,zona urbana, meu relógio segue o horário de Brasília.
Ultimamente ele tem estado bastante preciso, é só concentrar antes de dormir, ajustar e pronto acordo no horário planejado ou até antes dele sem nenhuma musiquinha irritante nos meus ouvidos.
Em uma das aldeias, antes de anoitecer, ligo o gerador de energia a diesel com a ajuda de uma manivela, ligo o computador ( não, não é um notebook), conecto-me na internet via satélite, leio meus e-mails, depois atualizo meus relatórios em infindáveis formulários de papel feitos de árvores, desligo o gerador puxando um arame, acendo uma vela para iluminar meus últimos 10 minutos de pensamentos antes do sopro final e da escuridão. Percebeu?! O choque de gerações?!
Os postes de energia já estão chegando na aldeia. Estão lá no chão há uns 2 meses esperando para serem levantados enquanto alguns indígenas já fazem suas dívidas em eletrodomésticos. Televisão, geladeira e máquina de lavar são os mais cotados. Os computadores já chegaram, tanto no posto de saúde quando da escola e olha que na escola nem os tijolos chegaram ainda!
Creio que chegará um tempo que meu relógio biológico não distinguirá zona urbana de zona rural. Creio que chegará o tempo que comprarei um notebook não precisando mais transcrever e digitalizar as letras escritas neste papel e creio também que dois meses depois, terei de comprar outro pois o que acabei de comprar já estará desatualizado pois só terá um HD de 1 terabite e uma memória de 20 gigas conectando-me a apenas 50 megabites por segundo na Web. Quando este tempo chegar, a única coisa que permanecerá imutável será o meu relógio biológico, ajustando-se apenas pelos fusos do planeta ou quem sabe da galáxia. Este sim poderei confiar, e trabalharei hoje para que um dia possa estar tão preciso quanto um relógio atômico! Ufa! Vou dormir! Meu relógio biológico me chama! Tec! Boa noite!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Manual de Turismo do Pobre ( Roteiro Vitória Pantanal)


Manual de Turismo de Pobre
Roteiro Vitória Pantanal

Primeiramente compre uma passagem aérea na promoção mais desesperada da Gol linhas aéreas; aquelas de R$ 50,00 reais o trecho e divida em seis vezes. Compre vix=Sp, e Sp=Cuiabá perfazendo um total de R$200,00 ida e volta.
No dia da viagem pegue um ônibus de sua casa até o aeroporto lembrando antes de se entupir de pão com "mortandela" e um café com leite na padaria da esquina.
  • Pão com "mortandela" = R$1,00
  • Café com leite = R$ 1,00
  • Passagem de ônibus = 2,10 Ao embarcar no voo, chegando a hora do serviço de bordo, e a aeromoça perguntar: Barrinha de banana, castanha ou coco? , diga uma de cada e para completar, peça sem vergonha alguma um suco de laranja que é bem calórico e mais uma água para diluir o suco e dar mais volume, dilatando o estômago e consequentemente enganando-o. Quando a aeromoça perguntar se deseja mais alguma bebida, repita a operação do suco de laranja e sem pestanejar pergunte se não tem aqueles amendoinzinhos. Não se preocupe que isto tudo está incluso no preço da passagem aérea e comendo mais te dará a impressão de que está pagando menos pelo vôo.

Ao chegar no aeroporto de Congonhas nem pense em pedir um Sushi no Gentai ou um Panini na casa do pão de queijo, pois isto é coisa de rico, e lembre vc é pobre! Vá até a área do Check in e saia pela porta automática bem em frente a passarela de ônibus. Ao sair, recuse a oferta de taxi que irá receber , afinal, taxi é coisa de rico, atravesse a rua até um dos vendedores ambulantes de sanduiches. Dê preferência ao lanche da Maria a qual vende uma esfiha gigante que vale por um almoço no valor de R$4,00. Se a esfiha tiver acabado, peça um sanduiche de salada com salaminho (que chique!) ou um Bauru paulista por R$2,00 e complemente com um pastel de R$1,25, pedindo um desconto de R$0,25 no pastel, afinal, vc já comeu um sandwiche e o pastel estará frio. Resista a tentação de pedir um refrigenrante pois além de caro (R$2,00), eles contém ácido fosfórico e açucar podendo lhe causar prejuízos futuros no dentista e também contém cafeína o que vai fazer com que seu corpo libere mais suco gástrico lhe causando uma gastrite, ou pior, mais fome. Mesmo gastrite sendo uma doença de rico não podemos subestima-la neste mundo tão globalizado. Não se preocupe com as possíveis contaminações na comida já que seu estômago é de pobre e seu suco gástrico é de avestruz e irá destruir qualquer invasor ou os vermes naturais do seu intestino não permitirão qualquer tentativa de alteração da sua flora patológica intestinal por microorganismos invasores.

Se por algum acaso não conseguir ficar sem beber nenhum liquido depois do almoço, vá até o bebedouro do aeroporto e beba toda a água que conseguir; afinal, água é de graça.

Volte a sala de embarque e permaneça imóvel até a hora do embarque para Cuiabá pois movimento significa gasto de energia e gasto é prejuízo.

Ao pegar o vôo repita a operação do vôo anterior ingerindo ao máximo barrinhas de cereal, goiabinhas e muito líquido.

Ao chegar em Cuiabá, saia do aeroporto e nem pense em pegar um taxi; vá até o ponto mais próximo a pegue um ônibus até o seu destino ( R$1,95).

Em relação a sua estadia, dê preferência a casa de algum parente ou conhecido pois assim economiza. Se não tiver parente vá até a rodoviária, encoste em algum banco próximo a alguma pilastra e finja esperar até adormecer. Não se esqueça de amarrar sua mochila no pescoço pois se não o fizer corre o risco de não ve-la nunca mais, mesmo sendo mochila de pobre.

Ao amanhecer, ligue para a Uniselva ou a Funasa, a cobrar obviamente, e fale que é índio Guató e diga que quer voltar para a aldeia. Se a conversa colar, pegue carona e vá até porto cercado; se não der certo, vá até o guichê mais próximo e compre uma passagem para Poconé (R$10,00).

Para o café da manhã, saia da rodoviária e pare na padaria mais próxima. Café com leite ( R$1,00) e pão com apresuntado(R$1,00).

Chegando no município de Poconé, procure algum carro do Hotel Sesc Pantanal que esteje de bobeira e finja ser um turista rico tentando entrar na Van para pegar um carona até a beira do rio em Porto Cercado. Se não for bem suscedido na tentativa, vá até a estrada que liga Poconé até Porto Cercado e não se esqueça de levar uma faca pois irá precisar mais tarde. Já na estrada, peça carona aos turistas finjindo ser um Pantaneiro que fala com sotaque Pantanês pois turistas são muito sensíveis a peças exóticas como esta, principalmente se for turista estrangeiro. Conte estórias de como conseguiu fugir da onça ou como pegou um jacaré pelos dentes para dar mais veracidade a sua nova identidade pantaneira.

Chegando lá, na beira do rio Cuiabá, simule ser um turista rico novamente e entre no Hotel Sesc Pantanal; peça uma vara de pescar de bambu e iscas de coração de galinha R$2,00. Você deve fazer isto sem titubear, ou melhor, faça com a cara de pau que Deus lhe deu, pois não fazendo pode levantar suspeitas de que não é rico.

Vá até o rio e pesque uma quantidade de piranhas que ache suficiente para o almoço. Utilize a faca citada anteriormente para tirar Sashimis das piranhas.

Se quiser registrar o momento, diga para algum turista do hotel que a sua máquina quebrou e peça para ele tirar uma foto sua, comendo o sashimi de preferência, e mandar para o seu e-mail; lembrando-o de mandar a foto somente daqui a uns 5 dias, pois como é pobre e não tem e-mail, terá que cria-lo na casa de algum parente menos pobre dias mais tarde quando voltar.

Momento registrado está na hora de voltar pois o dinheiro já deve estar acabando e sua alegria mesmo vai ser quando voltar para o seu bairro e mostrar as suas fotos para seus amigos mais pobres que você e mentir dizendo o quanto se divertiu e o quanto comeu Sashimi! Você vai poder rir da cara deles quando eles perguntarem, Sashi oque?!

Faça o caminho de volta tendo sempre em mente a economia. Venda a faca se precisar.

Fazendo desta maneira, conseguirá um turismo econômico por apenas R$246,10 ida e volta. Dividindo a passagem em seis vezes você gastará apenas R$ 79,4 no primeiro mês incluindo comida e hospedagem e depois somente R$33,3 nas prestações subsequentes. Para você que ganha um salário mínimo, comprometerá apenas 17,64% da sua renda no primeiro mês e 7,3% nos meses seguintes diminuindo ainda mais este valor se você é beneficiário do programa Bolsa família.

Um turismo seguro e adequado para sua classe, aprovado por quem entende do assunto!